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RETOCOLITE
ULCERATIVA

A retocolite ulcerativa, ou colite ulcerativa, ou RCUI (de retocolite ulcerativa inespecífica ou idiopática) é uma doença crônica do intestino grosso, de causa desconhecida e que causa inflamação e feridas no revestimento interno do colon e do reto.

O principal sintoma da retocolite ulcerativa é a diarréia com muco e sangue.

Na retocolite, o processo inflamatório tem origem sempre no reto, que é a porção do intestino grosso logo acima do ânus, e progride para os outros segmentos do intestino.

A extensão da colite que acomete o paciente é muito importante. Ela ajuda a prever a forma de tratamento, a gravidade da apresentação da doença e o futuro do paciente.

Quando somente o reto é afetado, a forma é chamada de retite; quando o lado esquerdo do colon é fetado, se chama de colite esquerda; e quando todo o intestino grosso é afetado, a forma é designada de colite. A retocolite ulcerativa pode afetar todo o intestino grosso, o que a diferencia da outra doença inflamatória intestinal crônica de causa ainda desconhecida conhecida como doença de Crohn. Esta pode acometer desde a boca até o ânus.

Os principais sintomas da retocolite ulcerativa são:

  • a diarréia crônica (por mais de 30 dias)

  • a dor abdominal em cólicas

  • eliminação de muco e sangue nas fezes

  • e o emagrecimento.

A retocolite afeta indivíduos jovens mais comumente a partir dos 15 anos de idade. Ocorre menos frequentemente após os 50 anos.

Afeta homens e mulheres na mesma proporção.

Existe agregação familiar na retocolite ulcerativa. Isso significa que quando um parente é acometido pela doença, o risco de um outro parente desenvolver a doença está aumentado em até 20%.

Alguns exames são utilizados no diagnóstico da retocolite ulcerativa. Uma boa consulta médica é o primeiro passo, seguido pelo exame proctológico complete a ser realizado pelo médico coloproctologista.

colonoscopia é fundamental para o diagnóstico da retocolite ulcerativa. Porém já no exame proctológico, o especialista pode avançar significativamente e já pode com base nos achados da retossigmoidoscopia iniciar o tratamento adequado.

Descartar colites infecciosas agudas e subagudas faz parte da avaliação inicial. Para tanto são solicitados exames de fezes rotineiramente realizados em laboratórios.

Com relação à apresentação do paciente com colite, podemos distingui-la em dois grupos principais: aqueles pacientes sem colite grave e os pacientes com colite aguda grave.

Os pacientes sem colite aguda grave são aqueles que se apresentam com cólicas abdominais e aumento do número de evacuações prém não relatam febre e o exame físico do abdomen não revela alterações significativas. Já os pacientes com colite grave relatam febre e apresentam-se ao exame físico com sinais de infecção sistêmica e com alterações ao exame físico do abdome.

Para o primeiro grupo de pacientes, o tratamento pode ser realizado em casa com acompanhamento adequado. Já para o segundo grupo de pacientes, geralmente a internação hospitalar com realização de exames de imagem e o uso de medicação intravenosa se fazem necessários.

colonoscopia com a obtenção de biópsias está indicada para o diagnóstico da retocolite ulcerativa. A colonoscopia não deve ser realizada durante um surto de retocolite com o objetivo de diminuir o risco de complicações associadas ao exame. A colonoscopia permite a avaliação direta de todos os segmentos cólicos.

Acredita-se que a retocolite ulcerativa tem origem em uma reação de defesa anormal ou desproporcional e mantida do hospedeiro a nível intestinal contra um ou mais agentes desencadeantes normalmente presentes no alimento ingerido. Essa reação deproporcional ou exagerada seria cronicamente mantida e responsável pelos eventos inflamatórios que são observados nos pacientes com retocolite. Acredita-se ainda que essa resposta anormal seja geneticamente condicionada e qe seja eventualmente deflagrada por uma ou mais infecções intestinais ocorridas na infância ou na adolescência.

Sendo assim, a retocolite ulcerativa não tem causa ou origem no stress ou em quaisquer outras características da personalidade dos pacientes. Tampouco nada tem a ver com imunodepressão ou outras doenças do sistema immune. Por fim, não parece ser um fenômeno alérgico e portanto não pode ser evitada por nenhuma forma de alimentação especial.

Podemos dividir o tratamento da retocolite ulcerativa em duas fases: durante a crise de colite e após a crise de colite.

O objetivo do tratamento durante a crise de colite em um paciente com retocolite ulcerativa é tirar o paciente da crise ao produzir a remissão da colite.

Aminossalicilatos

A sulfasalazina e a mesalazina são os representantes mais importantes dessa classe farmacológica em nosso meio. O princípio ativo dessas medicações é o ácido 5-amino salicílico. São antiinflamatórios com ação direta no intestino grosso. A sulfasalazina é formada pela combinação da sulfapiridina e do 5-ASA. A primeira funciona como o carregador do 5-ASA até o cólon onde é liberado por ação bacteriana e tem potente ação antiinflamatória. Apesar de ser a primeira opção no tratamento dos pacientes com retocolite ulcerativa, a sulfasalazine está associada a alguns efeitos colaterais como nauseas e vômitos. Nessa situação, deve-se introduzir a mesalazina.

Nos casos de retite ou de retossigmoidite, os aminossalicilatos podem ser administrados na forma de supositórios ou enemas por via retal.

Corticóides

Os principais representantes dessa classe farmacológica em nosso meio são a prednisona e a budesonida.

Com o objetivo de induzir a uma resposta e rápida remissão, os corticóides são rotineiramente associados aos aminossalicilatos durante uma crise de colite aguda. Ao contrário dos aminossalicilatos que só podem ser adminstrados por via oral ou retal, os corticóides podem ser oferecidos por via oral, retal e endovenosa.


São geralmente utilizados nos casos de colite moderada a grave e estão associados a elevadas taxas de sucesso na indução da remissão clínica da colite sendo por isso utilizados pelo mais curto intervalo de tempo possível.
O uso crônico de corticóides está associado a graves efeitos colaterais como a hipertensão arterial, o diabetes, osteoporose, ganho de peso e retenção hídrica, acne e outros efeitos cosméticos indesejáveis. De forma que devem sempre ser interrompidos tão logo o paciente seja classificado como em remissão.

Imunomoduladores (Azatioprina e 6-mercaptopurina)

São drogas que interferem diretamente com o funcionamento do sistema imunológico.

Estão indicadas nos casos de colite moderada a grave sem resposta ao uso de corticóides (corticorefratariedade) e também para os pacientes dependents de corticóides (corticodependência).

Administrados exclusivamente pela via oral, têm início de ação lento e podem ter sua eficácia demonstrada até seis meses após o início do tratamento.

Pancreatite, hepatite e anemia respondem pela toxicidade associada ao uso de imunomoduladores.

A retocolite ulcerativa, como outras doenças crônicas evolui por surtos. Dessa forma, períodos de crise são intercalados por períodos de remissão.

Cirurgia

A cirurgia é considerada curativa para a retocolite ulcerativa. Na cirurgia, todo o cólon e o reto (intestino grosso) doentes são removidos. E uma comunicação entre o intestino delgado e o ânus é feita. O reto é substituído por um reservatório contruído também a partir do intestine delgado (chamado de bolsa ileal). A operação se chama retocolectomia total com anastomose íleo-anal com bolsa ileal e pode ser realizada por videolaparoscopia.

Após a operação, o paciente permanece com uma ileostomia temporária que é fechada dois meses após a cirurgia.

Apesar de se entender que a operação é curativa, deve haver muito critério na indicação do tratamento cirúrgico. Os motivos para issso são que: 1. O tratamento medicamentoso hoje é muito eficaz; 2. Existem complicações preoces e tardias associadas à cirurgia, e 3. O risco de câncer associado à colite crônica é muito baixo.

A despeito de ser uma operação associada a alguma complexidade técnica, quando bem indicada, leva a significativa melhora da qualidade de vida do paciente. Quando realizada por profissionais experientes em centros de referência no tratamento da retocolite, os resultados são muito bons a curto e a longo prazo.

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