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Doença diverticular e diverticulite

A doença diverticular do cólon ou diverticulose do cólon refere-se à presença de divertículos no intestino grosso.



O que é?

A diverticulite aguda ou simplesmente diverticulite é o processo inflamatório e infeccioso associado ao divertículo e resulta da perfuração espontânea do mesmo.

Um divertículo é uma pequena saculação ou bolsa circular que se desenvolve na parede do cólon e tem comunicação direta com o interior do intestino. Representa na verdade uma herniação da camada mais interna de revestimento do intestino através de um ponto de fraqueza na parede do cólon.

Podem variar em número e localização e podem acometer todo o cólon (doença diverticular universal). Acometem mais freqüentemente o cólon sigmóide e é nesse local também onde ocorre mais freqüentemente a diverticulite.

Quais as causas?

Existem evidências de que a idade, a constipação intestinal e a dieta pobre em fibras estejam implicadas na origem dos divertículos do intestino grosso.

A maioria da população a partir dos 85 anos de idade têm divertículos. Estima-se que 10 a 20% dos pacientes com diverticulose terão diverticulite.

Embora seja afecção mais freqüente na terceira idade, muitos indivíduos jovens têm divertículos e nessa população jovem, a doença costuma ser mais sintomática e por vezes mais grave.

Quais os sinais e sintomas?

A maioria dos pacientes com divertículos no intestino grosso é assintomática e assim permanece sem desenvolver qualquer sinal ou sintoma resultante da presença dos divertículos no intestino.

Alguns pacientes com divertículos podem sentir dor abdominal leve na forma de cólica no lado esquerdo do abdome, diarréia ou alteração do hábito intestinal. Os sintomas de dor geralmente são aliviados pela evacuação. Muitas vezes é difícil associar esses sintomas leves aos divertículos e cabe somente a seu especialista fazer esse diagnóstico.

Por outro lado, os sintomas da diverticulite aguda são prontamente identificáveis na forma de dor abdominal localizada e de moderada ou forte intensidade no lado esquerdo do abdome podendo ou não estar associada a febre e alteração do hábito intestinal. Pacientes que já tiveram uma crise de diverticulite reconhecem uma crise subseqüente com facilidade.

A hemorragia digestiva é outra complicação da doença diverticular. Manifesta-se pela eliminação de sangue vivo em grande quantidade pelo ânus, inicialmente em companhia de fezes e depois isoladamente e caracteristicamente na forma de coágulos.

Assim como a diverticulite aguda, a hemorragia digestiva é uma urgência médica e os pacientes com essas suspeitas devem procurar consultar especialista com rapidez em consultório ou no Pronto-Socorro.

Como é feito o diagnóstico?

A suspeita de doença diverticular é realizada a partir da entrevista médica e pelo exame físico do paciente. Deve ser confirmada pelos exames de colonoscopia ou enema opaco.

Durante uma crise de diverticulite aguda, a realização desses exames está contraindicada devido à possibilidade de piorar a contaminação resultante da perfuração do divertículo. Como resultado, empregam-se mais freqüentemente o exame de ultrassonografia abdominal ou tomografia computadorizada associados a avaliação laboratorial (exames de sangue) para confirmar a hipótese diagnóstica de diverticulite.

Quais as complicações?

A diverticulite aguda é uma complicação da diverticulose e resulta da perfuração (usualmente espontânea) de um único divertículo localizado mais freqüentemente no cólon sigmóide.

Essa perfuração é mais comumente bloqueada pelo próprio cólon sigmóide ou por vísceras abdominais a ele vizinhas. Mais raramente, a diverticulite evolui com a formação de uma coleção de pus na cavidade abdominal, o abscesso. A fístula colovesical é complicação de diverticulite aguda onde a perfuração de um divertículo é bloqueada pela bexiga e cria-se uma comunicação anormal entre o segmento intestinal que abriga o divertículo perfurado e a bexiga. Os sintomas são a eliminação de ar ou fezes pela urina e infecções urinárias de repetição.

A peritonite difusa por pus ou mesmo fezes é outra complicação incomum e grave da diverticulite aguda. A hemorragia resultante de doença diverticular também pode ser entendida como uma complicação.

Qual a relação com o câncer do intestino grosso?

Não há nenhuma relação. No entanto, como ambas as afecções são prevalentes, em especial após os 60 anos de idade, muitos pacientes podem sofrer de ambas as afecções.

Qual é o tratamento?

Pacientes assintomáticos com doença diverticular devem procurar levar vida saudável através do controle da obesidade, prática de atividades físicas regulares, ingesta de água e líquidos e sobretudo de fibras alimentares presentes nas frutas, legumes, verduras e cereais.

Para os pacientes com sintomas de cólica diverticular não-complicada por diverticulite, as mesmas orientações podem ser seguidas. Laxantes ou antiespasmódicos podem ser usados no alívio de constipação associada ou das cólicas abdominais.

Já para os doentes com diverticulite aguda, o tratamento se inicia a partir do diagnóstico. Embora alguns pacientes não necessitem de internação hospitalar, a maioria dos epsecilaistas optará por jejum de pelo menos 24 horas e antibioticoterapia endovenosa em regime de internação hospitalar. A maioria dos casos de diverticulite responde a essa abordagem.

Quando é preciso operar?

É preciso operar nos casos de:

  1. Diverticulite aguda recorrente: nessa situação, o racional de oferecer ao paciente uma operação eletiva objetiva prevenir a ocorrência de uma complicação como a peritonite e o abscesso.

  2. Fístula colovesical: trata-se de complicação de diverticulite aguda onde a perfuração de um divertículo é bloqueada pela bexiga e cria-se uma comunicação anormal entre o segmento intestinal que abriga o divertículo perfurado e a bexiga que requer tratamento cirúrgico eletivo.

  3. Abscesso: a maioria dos casos pode cursar sem necessidade de cirurgia na fase aguda quando o abscesso pode ser tratado por punção guiada por ultrassonografia ou tomografia computadorizada e antibióticos. Uma operação para prevenir novo abscesso está indicada.

  4. Peritonite difusa: nesses casos, a decisão de operar é feita imediatamente após o diagnóstico. Trata-se de operação de urgência que deve ser realizada devido ao risco de morte resultante do processo infeccioso. Hemorragia digestiva maciça: Pacientes com hemorragia digestiva maciça e necessidade de múltiplas transfusões podem necessitar de operação de urgência cabendo ao especialista a decisão sobre o melhor momento para a operação. Da mesma forma, pacientes com repetição dos episódios de sangramento merecem operação a fim de prevenir novos episódios e transfusões.

  5. Situações especiais: pacientes com sintomas de diverticulite ainda que não complicada mas com comprometimento do sistema imunológico tais como diabéticos ou transplantados merecem avaliação especializada objetivando realizar uma operação preventiva. Nesses pacientes, há uma maior dificuldade diagnóstica bem como maior gravidade associada às complicações.

Qual operação é realizada?

A operação geralmente realizada para pacientes com diverticulite aguda recorrente é a de sigmoidectomia.

Nessa operação, o cólon sigmóide é removido e realiza-se a união por meio de uma anastomose (mecânica). É realizada sob anestesia geral e requer preparo intestinal semelhante ao da colonoscopia.

É preferencialmente realizada por videolaparoscopia. A via de acesso convencional (por incisão abdominal) é utilizada somente nos casos de dificuldade técnica para completar a operação por vídeo como nas situações de grande inflamação, obesidade e operações abdominais prévias.

A duração da internação hospitalar pós-operatória raramente excede cinco dias.

Espera-se completa recuperação após cerca de dez dias.

A realização de colostomia (derivação intestinal que necessita do uso do dispositivo ou bolsa coletora) não está prevista no tratamento cirúrgico eletivo da diverticulite. Nos casos graves onde houve necessidade de operação de urgência e com achados de peritonite difusa por pus ou fezes, ela deve ser realizada. Geralmente, programa-se o fechamento da colostomia e o reestabelecimento da evacuação pelo ânus 8 semanas após a operação de urgência.

Como prevenir?

Embora a precisa causa do aparecimento da doença diverticular seja desconhecida, especialmente quando ocorre em jovens, é necessário dizer que a melhor forma de prevenir o aparecimento de divertículos e suas complicações é através da dieta de fibras, isto é, favorecer o consumo de alimentos ricos em fibras tais como as verduras e frutas, legumes e cereais.

DICAS

  1. Leve uma vida saudável

  2. Não fume

  3. Tome bastante água

  4. Prefira as refeições que contêm fibras

  5. Investigue sempre sintomas de dor abdominal

  6. Após os 50 anos, faça uma colonoscopia

  7. Se você tem diverticulite, pergunte a seu médico se é necessário operar e por qual técnica você será operado(a)

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